Reflexões para alfabetizadores

Texto extraído do livro: Como Ler? Como Escrever? Rotas de trabalho para Ensino Fundamental (Geraldo Peçanha de Almeida)

PARA TODO ALFABETIZADOR, HÁ UM CONJUNTO DE POSTURAS QUE PODEM LEVAR À MATERIALIZAÇÃO DO QUE É ENTENDIDO COMO ALUNO ALFABETIZANDO. EIS:

• Permita que seus alunos tentem, errem, corrijam, comparem entre uma e outra possibilidade de escrever um som ou uma palavra. Às vezes, eles acham que o  H é o h de gato, pois, no meio da palavra agá, está o "ga"que também está na palavra "gato". Isto é bem comum. Eles vão percebendo aos poucos estas condições, mas você, professor, tem de deixar eles errarem para descobrir. Isto também acontecerá na palavra "família", que eles acham sempre que é "familha", ou na palavra "muito", que eles acharão que é "muinto".

•  Alfabetização é um processo que começa aos três anos em média e segue por, pelo menos, cinco anos. Tenha calma. É demorado mesmo. Não há milagres, só há trabalho, e muito.

•  Texto é sempre importante ter e levar para a sala de aula, mas alunos com dificuldades médias e severas precisam da letra ou da palavra separadamente, pois, no texto grande, eles se perdem, desanimam e não progridem.

• Textos só devem ser trabalhados em momentos em que as crianças já reconhecem minimamente o alfabeto. Mas, na oralidade, o professor ler para os alunos e os alunos podem contar histórias desde sempre. 

•  Alunos em alfabetização adoram textos ilustrados. Prefiro os que tenham muitos recursos, pois eles costumam associar grafemas, fonemas e textos pictóricos em um processo muito bacana de decifrar.

• O traçado das letras é sempre secundário na alfabetização. O importante é reconhecer na visualização e na leitura a compreensão. Escrever poderá vir depois. 

• Criança que tem boa caligrafia, escreve tudo, tem letra linda, sete, oito ou noves anos, mas não lê nada e costuma dar muito trabalho para ser alfabetizada. É o caso mais grave de erro no processo que certamente optou pela escrita em detrimento do cognitivo. 

•  Atividades de coordenação motora fina, com modelagem, barbantes para manuseio, canudinhos de jornal, bolinhas e grãos em um pote para serem apanhados com os dedos em pinça, são excelentes para atividades de traçado.

• Se a criança tiver letra espelhada ou invertida, é bom fazer muita atividade de ampliação e redução de figuras geométricas e desenhos simples. Também ajuda muito fazer manipulação de objetos em formas geométricas. Para isso, devem - se vendar os olhos da criança, dar - lhe objetos para manipular, de preferência em bacias com água morna, e depois pedir - lhe que repita em desenhos as formas manipuladas nos objetos dentro da água morna. 

•  Não exija que as crianças façam letras iguais às da sua professora. Isto leva tempo. Se ela e você reconhece uma determinada letra, vá exigindo que a melhora venha aos poucos, mas a perfeição do traçado é desnecessária. 

• Crianças em alfabetização erram muito nas ortografias. Isto é completamente normal. Não exija tampouco chame demais a atenção delas para tal, pois, ao invés de motivá - las, isto as bloqueia para novas tentativas.

Geraldo Peçanha de Almeida

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Comentário:

É importante fazer uma reflexão acerca dos itens elencados por Geraldo Peçanha e repensarmos nossas práticas pedagógicas, o autor fala ainda em seu livro (Como Ler? Como Escrever? Rotas de trabalho para Ensino Fundamental) que "A alfabetização precisa de oralidade, leitura e escrita", veja que a escrita vem depois da leitura no processo de alfabetização. Evidenciei com a cor vermelha esse dois itens onde fala sobre a escrita, pois vejo que em algumas escolas ainda é intensificado o trabalho de escrita em detrimento da leitura, onde muitas crianças são praticamente forçadas, num processo cansativo e desmotivador, a escrever letra cursiva ao invés da letra bastão, inclusive, infelizmente vejo esse erro na Educação Infantil, o que pode trazer prejuízos na consolidação da alfabetização. 

Professora Jodele Damasceno

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